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THE WONDER OF TAGUA:<br />The eco-friendly alternative to animal ivory.

A MARAVILHA DA TAGUA:
A alternativa ecológica ao marfim animal.

A crescente preocupação com o consumo ético impulsiona a busca por alternativas sustentáveis aos materiais tradicionais. Nesse contexto, a tagua, ou marfim vegetal, destaca-se como uma solução natural e promissora. Com semelhança notável ao marfim animal, produto valioso mas controverso, esta noz extraordinária, extraída do coração de certas palmeiras, apresenta textura suave e resistente, tonalidade branco creme e propriedades versáteis. Assim, a tagua responde de forma humana e ecológica à demanda por objetos de marfim, oferecendo proteção à vida selvagem e sustento às comunidades locais.


AS ORIGENS DA TAGUA (MARFIM VEGETAL).

TaguaA tagua tem a sua origem nas densas florestas tropicais da América do Sul, nomeadamente na Colômbia, no Equador e no Peru. Provém das palmeiras de marfim (Phytelephas, literalmente "planta elefante"), cujas nozes, com o endosperma branco e duro, recordam o marfim de elefante. Estas palmeiras, que atingem até 20 metros, prosperam em solos tropicais húmidos e produzem grandes frutos rugosos que contêm numerosas nozes de tagua.

Desde há séculos que as comunidades indígenas da América do Sul exploram a tagua. Souberam reconhecer a sua robustez e versatilidade, moldando-a em ferramentas e objetos de arte. Uma vez maduras e secas, estas nozes revelam uma dureza notável, tornando-as ideais para a escultura. A tradição ditava que, após a colheita, fossem expostas ao sol durante vários meses, um processo de secagem natural que lhes conferia a sua densidade característica. Esta prática, totalmente respeitadora dos ciclos naturais da floresta tropical, testemunha uma exploração sustentável e ancestral deste recurso.

Impulsionada pela crescente demanda por produtos éticos, a noz de tagua conheceu uma transformação notável, evoluindo de um recurso silvestre modesto para um material apreciado nos setores da moda, joalheria e artesanato.


MARFIM ANIMAL VS. MARFIM VEGETAL.

TamoO termo "marfim" refere-se aos dentes e às defesas de diversos animais. Embora os elefantes sejam os mais comummente associados ao marfim, este também está presente em espécies como o hipopótamo, a morsa, o narval, o cachalote e o facoquero.

O fascínio do marfim, símbolo de luxo, tem um custo devastador: o massacre anual de criaturas inocentes. A caça furtiva intensa de elefantes pelas suas defesas dizimou as suas populações, conduzindo à quase extinção destes animais majestosos em numerosas regiões. Apesar das proibições e regulamentações internacionais, o comércio ilegal de marfim persiste, particularmente em zonas como Hong Kong e a China.

Contrariamente ao marfim animal, a tagua oferece uma alternativa natural e ética notável. A sua notável semelhança visual e tátil com o marfim, exibindo uma tonalidade branco creme e uma textura simultaneamente suave e robusta, permite aos artesãos criar esculturas complexas, joias delicadas e acessórios de moda, perpetuando as técnicas tradicionais de trabalho do marfim. Além disso, a sua capacidade de absorver uma vasta paleta de cores oferece uma infinidade de possibilidades criativas.
Embora a dimensão das nozes de tagua limite as criações de grande envergadura, é perfeitamente adequada para a joalharia contemporânea, pequenos objetos decorativos, fabrico de pequenas ferramentas e até botões para vestuário, oferecendo, assim, uma alternativa sustentável ao plástico.
Além disso, é interessante notar que a camada exterior carnuda do fruto da tagua, para além das suas nozes, constitui uma fonte de alimento essencial para numerosos animais, nomeadamente roedores e outras espécies selvagens.

As vantagens ecológicas da tagua são evidentes. Contrariamente à extração destrutiva do marfim animal, a sua colheita inscreve-se numa abordagem sustentável, garantindo um recurso renovável. Este processo respeitador do ambiente não danifica as palmeiras, que continuam a produzir nozes ano após ano. Esta produção apoia o equilíbrio a longo prazo do ecossistema florestal, favorecendo a biodiversidade e oferecendo uma alternativa preciosa à desflorestação.

Em adição, a produção de tagua autonomiza as comunidades locais, oferecendo oportunidades de rendimento vitais para os pequenos agricultores e artesãos. Esta economia verde, construída em torno da tagua, contribui diretamente para a proteção da floresta tropical e para o bem-estar dos seus habitantes.



A DESCOBERTA DA TAGUA: Uma joia ética.

Apesar dos seus inúmeros benefícios, a tagua permanece um tesouro relativamente desconhecido. O seu potencial enquanto alternativa ética ao marfim animal só é percebido por alguns iniciados. A raridade dos artigos autênticos em tagua, consequência da distribuição geográfica restrita das palmeiras de marfim (Phytelephas) fora da América do Sul, confere a cada peça um valor inestimável.

É crucial sensibilizar os consumidores. Adquirir uma peça em tagua é tornar-se um ator da mudança, um embaixador de um mundo mais sustentável. Ao escolher a tagua, não está apenas a comprar um produto; está a promover um futuro ecológico, a apoiar as comunidades locais e a proteger a fauna selvagem em vias de extinção. A noz de tagua, verdadeiro símbolo de um consumo ético, testemunha a beleza da natureza e a nossa capacidade de agir para um futuro melhor.


ENGENHARIA DA TAGUA: Ultrapassar os limites naturais.

As palmeiras de tagua oferecem uma produção anual impressionante, até 22 quilogramas de nozes, ou seja, o equivalente ao marfim de uma defesa de elefante. Esta abundância renovável contrasta fortemente com a colheita única do marfim animal. Embora a dimensão das nozes de tagua (cerca de 5 cm) limite inicialmente as dimensões das criações artesanais, técnicas modernas como a moagem, o tratamento térmico, a compressão e a utilização de ligantes permitem agora o fabrico de produtos estratificados ou fundidos de maior dimensão.


Autor: Leonardo Roman Millan, Editor.
Data: Maio, 2025
Contacto: @artesany.portugal

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